quinta-feira, 31 de maio de 2012

Do alto do teu metro e setenta e cinco consegues ser a pessoa mais pequenina que conheço… és tão, tão pequenina. Nem sequer te vou intitular como a desilusão da minha vida porque isso era dar-te demasiado valor. Mas que foste tu fazer a casa da V.? Ãh? Mostrar a tua falta de personalidade? Dizer mundos e fundos e no fim acrescentar: mas eu só dizia isso porque a D. queria? Mas tu não tens princípios? Tu não tens opinião? Ouve uma coisa minha xunga das barracas (sim, tu sim vens das barracas), ninguém fala sozinho! Ninguém decide omitir a alguém que o filho nasceu porque alguém lhe pediu. Já foste rever as mensagens do teu telemóvel? Quem pediu a quem para publicar no Facebook especificamente antes dela saber? Tu não sejas otária porque eu também tenho muita coisa para dizer. Não vales nada! Não prestas! És uma coninha de merda que ficas espantada com a minha mensagem “não vou ter contigo para te obrigar a sair de casa”. Mas isto não é ser-se directo? Pois, eu sei. Tas habituada ao pessoal que mora lá nas barracas mas até te digo, há muitos que são bem mais educados e que têm muitos mais princípios do que tu. Se te mandei essa mensagem foi uma forma EDUCADA de te dizer: sai à rua com o miúdo, não sejas atada, tem 4 meses e tu não sabes sair sozinha com ele. Mas pronto, como fui educada tu achaste que era uma indirecta… nunca vi uma indirecta tão directa! De ti só quero uma coisa, distância. Muita… e quero que me devolvas tudo o que tens do meu filho, porque se sou tudo o que tu disseste que tens tu as minhas coisas a fazer na tua casa? Ah, falta de princípios… ninguém te ensinou que quando não gostamos de uma pessoa não usamos as coisas dela? Educação meu amor, falta-te educação. Mas sabes uma coisa? O mundo é redondo e hás-de colher tudo o que semeaste. Tudinho. E eu vou-me rir dessa forma que arranjaste para sair por cima que só te enterrou ainda mais. Acho lindo que te tenhas esquecido de falar das tretas que inventaste dos meus anos, que tenhas omitido que antes de eu começar a falar convosco já vocês lhe tinham mandado uma menagem por engano... é linda a tua falta de inteligência, sua burra!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Miguel Esteves Cardoso


Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'


Dedico este texto a ti, Bruno, porque acho que o soubeste "viver" como ninguém. E tu sabes e percebes o que digo.

Luna do meu coração

A minha sobrinha mais velha fez 6 anos... 6 anos!!!A Luna despertou em mim a vontade de ser mãe. Mostrou-me o que era gostar de alguém incondicionalmente, ter vontade de a educar, de a adormecer, de tomar conta dela quando estivesse doente... Com a Luna aprendi que as crianças são o melhor do Mundo. Temos uma relação simplesmente única e especial e é a mim que a mãe liga se ela não quer vestir a camisa x ou y. Se a tia veste ela também vai vestir com certeza. Ela é especial na minha vida e eu sei que sou muito especial na dela. Quando a vou buscar à escola ela corre para o meu colo com uma genica como se tivesse medo que eu fosse fugir. Agarra-se a mim e não me larga mais. E eu fico babada com ela agarrada a mim, assim tipo lapa que não se quer soltar da rocha. Sei que me adora e eu adoro-a. E apesar de já ter tido de lhe ralar, de lhe ter dado uma ou outra palmada, ela continua a ficar com os olhos brilhantes cada vez que eu apareço de surpresa. PARABÉNS meu amor. Um dia vais conseguir ler este texto e vais perceber a importância que tens no meu Mundo. Adoro-te!!


23 de Fevereiro de 2004

Passaram 8 anos. 23 de Fevereiro de 2004!


Se me perguntares, lembro-me de tudo como se tivessem passado 8 dias. Foste a melhor escolha que fiz na vida e da qual não me arrependerei nunca. Têm sido 8 anos de crescimento em conjunto, mudanças a dois... Há 8 anos atrás éramos uns adolescentes como tantos outros à procura de um sonho. Fizemos companhia um ao outro em muitas maratonas de estudo. Estivemos lá para dar a mão quando a nota não foi a melhor e para dar o maior abraço quando superou as nossas expectativas. Usámos e abusámos da condição de jovens estudantes longe de casa para sair à noite e aproveitar ao máximo aquela idade que não volta nunca. Estivemos ao lado um do outro no dia em que fomos considerados oficialmente LICENCIADOS. Acompanhámos as primeiras entrevistas de emprego um do outro e crescemos com a experiência de cada um. Treinámos noites a fio os testes psicotécnicos porque queríamos ser os melhores.


Nunca vou esquecer o momento em que o teu telefone tocou para te dizerem que o lugar era teu e sei que nunca vais esquecer o dia em que entrei em casa a chorar porque tinha chumbado naquela malfadada entrevista final. Mas a vida é mesmo isto, e quando se fecha uma porta há sempre uma janela à nossa espera, e nós sabemos disso muito bem... São momentos que a vida não nos traz de volta nunca mais e que eu quero guardar para sempre. Foste tu que estiveste lá quando cheguei do meu primeiro dia de trabalho. Foste tu que me deixaste um garrafão de água cortado com um ramo de flores na mesa de cabeceira para eu ser bem recebida de volta a casa depois da minha primeira estadia. Tens noção da quantidade de vezes que rimos juntos? De todos os sítios onde já estivemos juntos? Tu fazes parte de mim e eu faço parte de ti. Juntos somos imbatíveis, inatingíveis. Juntos somos a melhor equipa do Mundo, pelo menos do nosso Mundo...Mas sei que a vida não são só rosas, e também já superámos momentos difíceis.


A grande verdade é que temos uma vida de sonho. Somos dos casais mais estáveis que conheço e sei que nada nos separará. Temos conseguido atingir todas as metas que estabelecemos e isso tem-nos tornado cada vez mais fortes. Temos uma casa linda, um filho lindo, o carro que escolhemos, os amigos que nos completam...


Sei que juntos fazemos uma dupla fantástica e quase quase perfeita. Quando me deixo ir no meu Mundo cor de rosa em que nada nunca me consegue afectar tu trazes-me de volta à terra e quando tu estás no teu Mundo calmo e bastante mais pessimista eu mostro-te o arco íris. E é por isso que te amo, e que sei que vamos ficar sempre juntos. Porque nos completamos, e porque apesar de todas as nossas diferenças (e como nós somos diferentes) conseguimos sempre chegar a um consenso.


E hoje só te quero dizer que és o amor da minha vida, que temos uma família LINDA e que sou babada, muito babada mesmo, pelos dois homens da minha vida.

Mãe voadora


Quando era mais nova adorava passar horas a escrever no meu diário. Escrevia sobre a escola, os rapazes giros, as amigas e os segredos delas, os jogos mais divertidos... escrevia pelo prazer de escrever. E depois, antes do diário chegar ao fim, mandava-o fora com medo que os meus pais o descobrissem. Hoje olho para trás e sinto-me ridícula, nunca tive um segredo que eles não pudessem descobrir, nunca fiz nada verdadeiramente errado... mas na altura achava um pecado mortal ter experimentado um cigarro, ter dito que tinha tido 'Satisfaz' quando na realidade era um 'Satisfaz pouco'... fossem todos estes os erros da Humanidade e o Mundo seria um lugar bem melhor.


Na verdade chamo a isto respeito, medo também, mas não medo que me batessem, nada disso. Medo de os desiludir. Nunca precisaram de me levantar a mão para eu perceber que tinha errado, abriam-me os olhos, e, num simples olhar, percebia o meu erro e garanto-vos, tentava emendá-lo a todo o custo.


Naquela altura não havia crianças hiperactivas nem pais que iam à escola ralhar com os professores porque tinham dado uma reguada nos filhos. Não, naquele tempo era a minha própria mãe que lhes dizia que se me portasse mal, me pusessem de castigo, e lembro-me bem de a ouvir dizer: um puxão de orelhas também não lhe vai fazer mal, se for caso disso.


A grande verdade é que nunca fui uma aluna brilhante, a melhor da sala, mas também nunca fui a pior, e acho que os meus pais sempre lidaram bem com isso. Não me exigiam perfeição, só não queriam desleixo. Nunca perdi um ano e quando dizia que odiava estudar todos me olhavam de lado e pensavam que era mentira, porque nem sequer era aluna de negativas. Mas a verdade é que odiava tanto estudar, que pensava sempre que mais valia estudar um bocadinho e passar que ter de repetir um ano e estudar tudo outra vez. A verdade é que esse pensamento me levou a acabar a Faculdade aos 21 anos, para grande orgulho dos meus pais e meu também. Ainda fiz mais uma especialização e aos 22 entrei no Mundo do trabalho. Eu, uma criança crescida, tinha 22 anos e sustentava-me sozinha. É, sem sombra de dúvida, um dos maiores motivos de orgulho da minha vida. A minha estrela da sorte anda sempre comigo, MESMO.


E agora, numa fase mais calma da minha vida, decidi retomar o meu diário sem nunca ter de o esconder de ninguém, porque ninguém sabe quem eu sou. E por isso, sou a mãe voadora, porque gosto de voar e é aquilo que faço todos os dias. Sou mãe, mulher, dona de casa, assistente de bordo, amiga... sou um ser humano igual a tantos outros, eu ri-o, choro, brinco... e é isso que venho aqui fazer, partilhar tudo isso convosco, sem que saibam quem eu sou. Há momentos em que é mais fácil falar com estranhos :)